LENDAS 


3. DA MULHER E DO HOMEM QUE SE TRANSFORMARAM EM ARBUSTOS  

Antigamente uma mulher teve um filho, ao mesmo tempo que uma cadela, na mesma casa, teve uns cachorrinhos. As mulheres amigas da parturiente trouxeram  farinha de milho e fizeram-lhe uma papa. Quando as amigas da parturiente saíram, a cadela, que estava com fome, aproximou-se da panela da papa para comer. A parturiente, ao reparar que a cadela se preparava para comer a papa, enchutou-a, dizendo-lhe que cheirava mal. A cadela então falou, dizendo que se ela, mulher, não cheirava mal era porque tinha o seu marido que lhe arranjava o "M'Bau" ( um pau que cheira bem e é empregue depois de moído), o que não acontecia com ela, cadela, razão porque cheirava mal.

Ao ouvir a cadela falar, a mulher ficou assustada e logo que o marido chegou a casa contou-lhe o que se tinha passado. O marido não acreditou no que a mulher lhe contou, dizendo que era impossível tal acontecer. Mas, mal acabou de falar, o pano que trazia à cinta (Tchincuane) - por sua vez também falou, dizendo-lhe que não podia duvidar, pois ele, pano, também tinha presenciado a cadela a falar, o que ele, marido, não tinha visto.

O homem, vendo o seu Tchincuena a falar, tirou-o e atirou com ele para cima dos paus que estão à volta do quimbo, chamados "Olumbo", tendo estes também falado, dizendo que o Tchincuane lhes tinha batido nos olhos e os magoaram. A mulher e o marido, ouvindo tais falas, tiveram tanto medo que se transformaram em pequenos Mandombo 34.

Por causa desta lenda, o povo muila, quando faz a festa das suas filhas, não as deixam afastar-se, com medo de que também se transformem em arbustos.  

 


Vila João de Almeida (Chibia), 09 de Agosto de 1964


VOLTAR À PÁGINA ANTERIOR

 

SAIR