Antigamente
uma mulher teve um filho, ao mesmo tempo que uma cadela, na mesma casa, teve uns
cachorrinhos. As mulheres amigas da parturiente trouxeram
farinha de milho e fizeram-lhe uma papa. Quando as amigas da parturiente saíram, a cadela, que estava com fome, aproximou-se da panela da papa para
comer. A parturiente, ao reparar que a cadela se preparava para comer a papa,
enchutou-a, dizendo-lhe que cheirava mal. A cadela então falou, dizendo que se
ela, mulher, não cheirava mal era porque tinha o seu marido que lhe arranjava o
"M'Bau" (
um
pau que cheira bem e é empregue depois de moído), o que não acontecia com
ela, cadela, razão porque cheirava mal.
Ao
ouvir a cadela falar, a mulher ficou assustada e logo que o marido chegou a casa
contou-lhe o que se tinha passado. O marido não acreditou no que a mulher lhe
contou, dizendo que era impossível tal acontecer. Mas, mal acabou de falar, o
pano que trazia à cinta (Tchincuane) - por sua vez também falou, dizendo-lhe que não podia
duvidar, pois ele, pano, também tinha presenciado a cadela a falar, o que ele,
marido, não tinha visto.
O
homem, vendo o seu Tchincuena a falar, tirou-o e atirou com ele para cima dos paus que
estão à volta do quimbo, chamados
"Olumbo", tendo estes também
falado, dizendo que o Tchincuane
lhes tinha batido nos olhos e os magoaram. A mulher e o marido, ouvindo tais
falas, tiveram tanto medo que se transformaram em pequenos Mandombo 34.
Por
causa desta lenda, o povo muila, quando faz a festa das suas filhas, não as
deixam afastar-se, com medo de que também se transformem em arbustos.
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