VIDA MATERIAL 


5 - MEIOS DE EXISTÊNCIA 

 Para  prover à sua subsistência, dedica-se o   muila   especialmente à agricultura e à pecuária - sobretudo à criaçãRaparigas depois do FICO (festa da puberdade) - mais de um anoo de gado bovino - e, em muito pequena escala, à pesca e caça, cabendo tais tarefas a ambos os sexos. Contudo, para além disso, as mulheres dedicam-se ainda à criação de porcos e de galinhas, ao transporte da água para as necessidades do Eumbo, à confecção das refeições e à moagem dos cereais.

No campo agrícola, hoje em dia já se dedica à preparação dos seus terrenos - empregando por vezes a charrua, cujo uso vai dia a dia aumentando - e à sementeira. Em tempos idos, o seu trabalho nas lavras limitava-se à derruba da mata, cabendo à sua mulher,  ou mulheres, o amanho e cultivo da terra.

As mulheres, preparado o terreno das suas lavras, procedem à sementeira, sacha e colheita dos produtos. As lavras são separadas, para o homem e para a mulher, havendo no entanto mútua colaboração nas colheitas, sendo os produtos separados. Na alimentação,Rapariga que fez o FICO há mais de um ano consomem primeiramente os mantimentos armazenados pela mulher e só depois os do homem.

Quando precisam de realizar numerário para prover a despesas, tais como o vestuário e outras, cada um - homem ou mulher - vende os seus produtos, sendo comuns os gastos com os filhos. Estes, quando já em idade de trabalhar, ajudam os pais nos trabalhos agrícolas, da seguinte forma: Os do sexo feminino ajudam a mãe e os do sexo masculino o pai. Porém, na colheita, juntam-se todos, colhendo em primeiro lugar os produtos das lavras dos homens.

No campo pecuário, sendo a sua região privilegiada quanto à criação de gado, o Muila dedica-se à criação de gado bovino, caprino e suíno. O homem dá especial preferência à criação de gado bovino, do qual muito gostam os Muilas, não como produto para venda, mas Raparigas depois do FICO (notar o uso de cordões de missangas na 1ª e na última) como manifestação de riqueza.

Com efeito, para o Muila, só é rico o que tiver muitos bois, não o que vive bem mas não tenha gado. Além dessa manifestação de riqueza, o gado bovino é estimado igualmente pela alimentação que lhes assegura, em especial  pelo fornecimento de leite, largamente consumido - leite azedo. Normalmente não abatem o gado, utilizando para consumo a carne do que morre, só o fazendo por ocasião de festas muito especiais, como seja, por morte de algum rico, nas cerimónias do Kuricutila e do Djélua, quando as filhas atingem a puberdade ou os rapazes regressam da circuncisão. Neste último caso, se o não fizerem, o rapaz será votado ao desprezo, que lhesRapariga que já pode casar merece aquele cujo pai não é possuidor de uma cabeça de gado, a sacrificar na ocasião.

A criação de gado miúdo, como cabritos e porcos, é tarefa a que se dedicam especialmente as mulheres.

Da apascentação do gado, tanto bovino como caprino, cuidam normalmente os filhos ou, não os havendo, as filhas.

Raparigas que fizeram o FICO há mais de um ano.A caça é obtida pelo homem que, para tal, utiliza armas de pistão 7, armadilhas, arco e flecha, zagaia ou porrinho. A espera, a perseguição e as  armadilhas são os sistemas usados na caça. Apreciam-na bastante, não só pela carne que lhes proporciona, como também pelas peles, as quais utilizam para diversos fins, como sejam: para a confecção de tangas, para as piaças 8, para as mulheres transportarem os filhos às costas e para tambo­res.

À pesca dedicam-se tanto o homem como a mulher, especialmente os que habitam nas margens dos rios. No tempo seco compete às mulheres fazê-lo, utilizando para tanto um cesto próprio 9. Já no tempo da chuvas, pescam os homens, utilizando os anzóis.


VOLTAR À PÁGINA ANTERIOR

SAIR

IR PARA A PÁGINA SEGUINTE