Para
prover à sua subsistência, dedica-se o
muila especialmente
à agricultura e à pecuária - sobretudo à criação de gado bovino - e,
em muito pequena escala, à pesca e caça, cabendo tais tarefas a ambos os
sexos. Contudo, para além disso, as mulheres dedicam-se ainda à criação
de porcos e de galinhas, ao transporte da água para as necessidades do Eumbo,
à confecção das refeições e à moagem dos cereais.
No
campo agrícola, hoje em dia já se dedica à preparação dos seus
terrenos - empregando por vezes a charrua, cujo uso vai dia a dia
aumentando - e à sementeira. Em tempos idos, o seu trabalho nas lavras
limitava-se à derruba da mata, cabendo à sua mulher,
ou mulheres, o amanho e cultivo da terra.
As
mulheres, preparado o terreno das suas lavras, procedem à sementeira,
sacha e colheita dos produtos. As lavras são separadas, para o homem e
para a mulher, havendo no entanto mútua colaboração nas colheitas,
sendo os produtos separados. Na alimentação, consomem primeiramente os
mantimentos armazenados pela mulher e só depois os do homem.
Quando
precisam de realizar numerário para prover a despesas, tais como o vestuário
e outras, cada um - homem ou mulher - vende os seus produtos, sendo comuns
os gastos com os filhos. Estes, quando já em idade de trabalhar, ajudam
os pais nos trabalhos agrícolas, da seguinte forma: Os do sexo feminino
ajudam a mãe e os do sexo masculino o pai. Porém, na colheita, juntam-se
todos, colhendo em primeiro lugar os produtos das lavras dos homens.
No
campo pecuário, sendo a sua região privilegiada quanto à criação de
gado, o Muila dedica-se à criação de gado bovino, caprino e suíno. O
homem dá especial preferência à criação de gado bovino, do qual muito
gostam os Muilas, não como produto para venda, mas
como
manifestação de
riqueza.
Com
efeito, para o Muila, só é rico o que tiver muitos bois, não o que vive
bem mas não tenha gado. Além dessa manifestação de riqueza, o gado
bovino é estimado igualmente pela alimentação que lhes assegura, em
especial pelo fornecimento de
leite, largamente consumido - leite azedo. Normalmente não abatem o gado,
utilizando para consumo a carne do que morre, só o fazendo por ocasião
de festas muito especiais, como seja, por morte de algum rico, nas cerimónias
do Kuricutila e do Djélua, quando as filhas atingem a puberdade ou os rapazes
regressam da circuncisão. Neste último caso, se o não fizerem, o rapaz
será votado ao desprezo, que lhes
merece aquele cujo pai não é possuidor de uma cabeça de gado, a
sacrificar na ocasião.
A
criação de gado miúdo, como cabritos e porcos, é tarefa a que se
dedicam especialmente as mulheres.
Da
apascentação do gado, tanto bovino como caprino, cuidam normalmente os
filhos ou, não os havendo, as filhas.
A
caça é obtida pelo homem que, para tal, utiliza armas de pistão 7,
armadilhas, arco e flecha, zagaia ou porrinho. A espera, a perseguição e
as armadilhas são os sistemas usados na caça. Apreciam-na bastante, não só
pela carne que lhes proporciona, como também pelas peles, as quais
utilizam para diversos fins, como sejam: para a confecção de tangas,
para as piaças 8,
para as mulheres transportarem os filhos às costas e para tambores.
À
pesca dedicam-se tanto o homem como a mulher, especialmente os que habitam
nas margens dos rios. No tempo seco compete às mulheres fazê-lo,
utilizando para tanto um cesto próprio 9.
Já no tempo da chuvas, pescam os homens, utilizando os anzóis.
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